Lilith
O nome Lilith surgiu em 2016, quando desenvolvemos o Projeto de Pesquisa e Extensão Direito das Mulheres, e fizemos um breve estudo sobre os símbolos religiosos que impõem à mulher uma determinada conduta.
Na mitologia sumeriana, Lilith era a Rainha do Céu e, com a formação dos dogmas religiosos hebraicos, sua figura foi incorporada à história de Adão. Nela, Lilith foi concebida como a primeira esposa de Adão. Na história, por ter se recusado à submissão sexual (pois compreendia que deveria se relacionar de modo igualitário) e por ter abandonado Adão, teria se tornado um demônio, conforme sustenta a mitologia judaica. Cf. LARAIA, Roque de Barros. Jardim do Ésen revisitado. Rev. Antropol. v. 40. n. 1. São Paulo, 1009. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-77011997000100005>. Acesso em 02 jul 2016.
Como figura de rebeldia, tanto na esfera religiosa, quanto em arquétipos psicanalíticos, na astrologia, ela vai representar as 3 faces da Deusa: donzela, mãe, anciã. Nessa categoria, vinculamos com o respeito às vicissitudes das mulheres no decorrer de suas vidas, respeitando-as nesses aspectos.
Isso tem relevância, especialmente, quando se percebe que há um movimento de desrespeito às mulheres no que se refere à própria maternidade e à velhice, em que não são aceitas formas de corpo e de pele que não sejam a de um determinado padrão estético (a mulher mãe deve voltar à uma forma de “donzela” em breve, assim como, às mulheres mais velhas, é determinado socialmente que se submetam a procedimentos estéticos para esconder a idade, por exemplo).
Diante disso, Naquele momento, vimos o símbolo de Lilith representando as mulheres que possuem e buscam conhecimento e, a partir disso, liberdade, e que se posicionam para apontar formas de convivência que não respeitem a sua existência e as suas potencialidades. Assim, como uma representação das mulheres que se insurgem contra valores e condutas que firam a sua dignidade e a dignidade coletiva.
Lilith representa, assim, a figura da insurgência. No símbolo escolhido, carrega elementos de interseccionalidade e questionadores da heteronormatividade. Nas hesitações de enquadramento mainstream da figura de Lilith, encontramos e oferecemos perguntas e respostas (provisórias).